“Eu já estava debruçado em alguns arranjos para peças do Nazareth quando encontrei uma partitura de Alma brasileira, do Radamés. Nunca tinha ouvido aquele choro e o tema da segunda parte me lembrou Nenê, de Nazareth. Comecei a pesquisar mais e encontrei um vídeo no YouTube de um programa comandado por Tom Jobim, na TV Manchete, no qual Radamés falava muito sobre Nazareth, usando exatamente o choro Nenê para demonstrar a Jobim o apreço que tinha pela escrita do pianista. Lembrei da homenagem feita por Radamés na suíte Retratos, na qual dedica o segundo movimento a Nazareth, e a partir daí a ideia do disco foi tomando forma”, relata Iuri Bittar, que, além da violonista, é compositor e produtor musical.
Com cinco temas de Nazareth e cinco temas de Radamés, o álbum Alma brasileira – Iuri Bittar interpreta Nazareth e Radamés reúne um trio de violonistas – João Camarero, Paulo Aragão e Vicente Paschoal – na gravação de Maly, composição de 1920, caracterizada como “tango brasileiro” e publicada postumamente em 2008. O arranjo da faixa é de Paulo Aragão.
Do pianista carioca, Iuri Bittar também reaviva Escorregando (1923), Floraux (1908), Myosótis (1895) e Plangente (1925).
De Radamés, Iuri Bittar toca dois movimentos da Brasiliana nº 13 (1983), remonta a suíte Retratos (1956) – obra-prima do artista gaúcho, abordada no disco Alma brasileira com a participação de Vicente Paschoal – e Bolacha queimada (1958), tema reavivado com o toque do violão de João Camarero, convidado da faixa.
A música que dá nome ao disco, Alma brasileira (1930), também é da lavra de Radamés Gnattali.